segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Entrevista para O Jornal de Londrina : Vercillo


Jorge Vercillo, um caminho sem volta do futebol à MPB

10/11/2010 | 14:55 - Fábio Luporini/JL

Não foi uma paixão de criança, nem um sonho do futuro. Aconteceu. Aos 16 anos, Jorge Vercillo foi incentivado pela tia, cantora da famosa Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a estudar violão. O gosto maior era pelo futebol, mas o cantor e compositor já apreciava a música popular brasileira, principalmente ouvindo os discos que o irmão tinha em casa. Dez anos depois de iniciar a carreira, Vercillo apresentou a turnê DNA, em show restrito a convidados da Teixeira Holzmann Empreendimentos Imobiliários, pelo projeto Royal in Concert, hoje à noite(10/11).

Vercillo tinha todos os motivos para desistir de ser cantor. Depois de tocar durante mais de dez anos em bares da noite carioca, gravou CD em uma gravadora e emplacou duas músicas em duas novelas globais. Mesmo assim, não havia divulgação do trabalho, que o fez lançar CD independente, até ser contratado por outra gravadora. Hoje ele tem shows marcados pela América Latina. Confira os principais trechos da entrevista que o cantor concedeu, por telefone, ao JL.

JL – Como você começou na música?
Jorge Vercillo
– Foi tocando música popular brasileira na noite, nos bares do Rio de Janeiro. É uma grande escola. Depois vieram os festivais. Quando comecei a compor, fui testar minhas composições nos festivais, em vários deles pelo interior do Brasil e alguns fora do país.

Mas você já tinha o gosto musical desde criança?
Não. Quando eu era menino, queria ser jogador de futebol, fanático pelo Flamengo. Minha tia, que cantou na Rádio Nacional, nos bons tempos da rádio no Rio, começou a perceber que eu gostava de MPB e me sugeriu entrar numa aula de violão. Ela me pagou a aula de violão. Eu ouvia muitos os discos que meu irmão colocava para tocar, do Caetano Veloso, Ivan Lins. Entrei na aula com 16 anos. A partir daí, a música tomou meu coração de forma inalterável.

Tem um pouco do Djavan em você?
Também. Ele é uma grande influência, mas junta com todos eles, Gil, Caetano, Milton. Tenho muita influência dos anos 1980, quando comecei a estudar violão, que me liguei com música. Enfim, tem muito a ver com Fátima Guedes, Gal Costa. Eu ouvia muita música e muita gente nessa área. Fui desenvolvendo meu caminho de uma forma intuitiva para compor. Tenho influência da música negra norte-americana também, como Stevie Wonder, Michael Jackson.

Como veio o sucesso? Foi repentino?
Claro que não. Foram mais de dez anos tocando na noite. Depois gravei meu disco em 1993, com duas músicas em novela. Uma delas foi Encontro das águas na novela Mulheres de areia, e depois na novela Tropicaliente [ambas da TV Globo], com a música Praia Nua, também do primeiro disco. Eu estava numa gravadora que não me divulgava, então tinha música na novela e era obrigado a continuar tocando na noite, porque não havia mercado. Gravei o segundo disco pela mesma gravadora, a Warner Continental, e não aconteceu muita coisa. Depois de muito tempo pedi para sair da gravadora, fiz um disco independente – o Leve – e veio a música Final Feliz, que começou a tocar nas rádios do Nordeste, Rio. Fui contratado pela EMI Music. Passei dez anos da minha carreira na EMI e agora estou lançando o meu disco pela Sony.

Você já gravou em espanhol. É o começo de uma carreira internacional?

Foi uma versão feita pelo espanhol Pedro Aznar. Ele canta comigo a música Me transformo em luar. Tem show [agendado] na Argentina, Chile e Uruguai, que estamos preparando para fazer. Minha carreira internacional está andando. Estou muito animado com minha turnê DNA, porque teve duas indicações ao Grammy Latino, como melhor disco de MPB e melhor música de MPB, a música Há de ser.

Como você vê a interferência da internet no meio musical?
A internet interfere no mundo não só no meio musical, mas para mim é um grande instrumento de libertação da informação. Tem muita coisa ruim, mas tem muita coisa boa. É para frente que se anda e o mundo está se transformando. As tecnologias, os paradigmas, os métodos, os costumes. Acho isso positivo. A leitura ótica possibilitou que o CD fosse pirateado. Mas sinto que a maioria das pessoas que consomem [esse tipo de música] não é para lesar o mercado, elas ouvem e baixam música pela comodidade. Cabe ao mercado arrumar a tecnologia para baixar músicas com um pagamento. Se isso for feito, o mercado volta a ser tão bom ou melhor do que antes.

Jornal de Londrina

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