terça-feira, 22 de novembro de 2011

Entrevista para O Bahia Notícias Jorge Vercillo

Terça, 22 de Novembro de 2011 - 16:15

por Karen Monteiro

O cantor Jorge Vercillo retorna a Salvador pela terceira vez em 2011, desta vez para se apresentar no Projeto Sintonia Musical, no dia 26 de novembro, no Bahia Café Hall. Antes da apresentação, na qual lançará na cidade o seu mais recente trabalho, o CD “Como Diria Blavatsky”, ele concedeu uma entrevista exclusiva ao Bahia Notícias. Na conversa, o artista falou sobre a sua ligação íntima com a Bahia, local que frequentou durante a infância, e que na juventude teve sensível colaboração para sua formação musical. “Fui passar umas férias em Salvador, ainda adolescente, e me levaram no Festival de Arembepe, onde Gilberto Gil apresentou pela primeira vez a música ‘Tempo Rei’. Vi show do Pepeu Gomes, do Morais Moreira, A Cor do Som. Essa geração dos anos 80, 70 da MPB baiana me influenciou muito”, revelou. Entretanto, ao falar sobre a contribuição que o alagoano Djavan teve em seu trabalho, diz ser coisa do passado, assunto vencido. “Isso era uma referência inicial que agora não acontece mais, não existe mais. Eu não falo mais sobre esse assunto”.
Bahia Notícias - Já é a terceira vez que você se apresenta em Salvador este ano...
Jorge Vercillo - Sim, é verdade, mas agora é outra fase. O que acontece é que eu estou lançando um disco novo agora, o “Como Diria Blavatsky”, e o Festival de Verão, e a apresentação em abril, foram no final da última turnê, do disco DNA.

BN - Você não tem medo de enjoar da cidade e dos fãs daqui?
JV - De maneira alguma, até porque se eu vou para Salvador é porque as pessoas pedem. Se eu estou aí pela terceira vez é porque o público e os contratantes procuram, é um reflexo de uma demanda.

BN - Como é a sua relação com os fãs baianos?
JV - É maravilhosa. Eu tenho uma ligação muito mágica com o público baiano. Minha avó era baiana, eu tenho vários ídolos baianos como Caetano, Gil, Pepeu Gomes, Morais Moreira, Gal Costa. Isso cria uma empatia.

BN - Você vem a Salvador também para divulgar seu mais recente trabalho, o CD “Como diria Blavastky”. Como foi o processo de criação do disco?
JV - Foi natural. Eu tenho pela primeira vez um disco com três sambas: “Ventou-Ventou”, “Invictor”, que eu fiz para o meu filho mais novo, e “Faixa de Gaza”. Temos também três músicas dedicadas ao rock, que é “Eu Quero a Verdade”, “Me Leve a Sério” e “Distante”, que é uma balada rock. Isso acaba apresentando uma novidade, mas o resto do repertório traz a minha assinatura, aquela verve que as pessoas já conhecem.

BN - Você contou que a sua avó é baiana. Fale um pouco da sua relação com a Bahia.
JV - Tenho vários amigos aí. Tenho parceiros musicais, como o Jota Veloso. Nós fizemos uma música, “O Que Eu Não Conheço”, que a Maria Bethânia regravou no disco passado dela. Fizemos outra música sobre a festa de Iemanjá, “A Festa dos Jangadeiros”, que será gravada pela Claudia Leitte. O Netinho também já gravou uma música minha há algum tempo.

BN - Você já tem 15 anos de carreira, nove discos e três DVDs lançados, além de uma carreira sólida no mercado. O que falta mais conquistar na carreira?
JV - Cada momento o compositor está em busca de uma ideia nova, de uma melodia nova. Então, não é só uma questão de conquistar, é questão de refletir o que chega pra você da vida, de inspiração. Acho que a cada momento é uma batalha nova, cada disco é uma conquista nova. A carreira artística é uma coisa que requer muito empenho, muito amadurecimento. Eu amadureci por mais de dez anos até conseguir minhas primeiras oportunidades. Eu acho que esse tempo todo acabou trazendo mais densidade ao trabalho. Mais importante do que a oportunidade é o tempo que você tem de amadurecimento.
BN - Você sempre quis ser músico?
JV - Quando eu era menino sonhava em ser jogador de futebol. Uma das vezes que estive em Salvador, fui almoçar no Restaurante da Dadá. Todo mundo almoçando e eu sumi, fui para a areia jogar bola com os meninos. Em Salvador as pessoas chamam de baba, não é? [risos] Hoje, pra mim, o futebol é um hobby maravilhoso.

BN - Como foi que você começou a pensar em seguir a carreira artística?
JV - A minha tia era cantora e começou a perceber uma sensibilidade musical em mim e me propôs aulas de violão. Eu topei, e comecei a estudar, comecei a gostar dos discos que meu irmão ouvia como Gonzaguinha, Milton Nascimento, Steve Wonder, Caetano. Fui passar umas férias em Salvador, ainda adolescente, e me levaram no Festival de Arembepe, onde Gilberto Gil apresentou pela primeira vez a música “Tempo Rei”. Vi show do Pepeu Gomes, do Morais Moreira, A Cor do Som. Essa geração dos anos 80, 70 da MPB baiana me influenciou muito.

BN - Aqui na Bahia costuma-se dizer que Claudia Leitte imita Ivete Sangalo, ainda que o trabalho das duas seja bastante diverso. O mesmo acontece com relação ao seu trabalho e ao de Djavan...
JV - Não, isso era uma referência inicial que agora não acontece mais, não existe mais. Eu não falo mais sobre esse assunto.

BN - Já tem algum projeto novo em mente? De disco ou gravação de DVD?
JV - Eu estou rodando o Brasil com esse show. Fiz no Rio, Aracaju, Natal, Recife. Esse show do “Como Diria Blavaski” traz um repertório novo e os sucessos antigos. As pessoas estão pedindo muito outras músicas deste disco novo, que ainda são inéditas e não fazem parte do repertório. Então, eu tive que tirar alguns sucessos antigos para colocar músicas novas. É uma coisa muito curiosa. Hoje em dia, com essa interação da internet, as pessoas ficam sabendo o que estão a fim de ouvir. Acho bem bacana essa interação proporcionada pela internet. Eu não tenho Facebook, mas estou no Twitter e converso com as pessoas. Eu fico muito contente com isso. O compositor está sempre lambendo a cria mais nova, sempre curtindo apresentar as músicas mais novas. Uma coisa bacana é que no ano que vem eu pretendo voltar ao Teatro Castro Alves para levar meu show com cenário e iluminação completa, fazer um segundo lançamento.
BN - Como surgiu essa parceria com Jau, a oportunidade dos dois cantarem juntos no mesmo evento?
JV - Na verdade, não é uma parceria em si. Eu já conheço o trabalho dele, e gosto muito. Acredito que a recíproca é verdadeira também. Eu vou fazer o meu show, depois Jau entra para fechar o evento. O que acho ótimo, inclusive. Eu não gosto muito de fechar noite. Essa responsabilidade vai ficar com ele e eu tenho certeza que Jau vai dar conta. A proposta surgiu da Coca-Cola, que promove o evento.

BN - Na sua opinião, o que tem de bom atualmente no cenário musical brasileiro?
JV - Tem muita coisa boa. A Maria Gadú pra mim é uma das maiores revelações. Canta muito bem, é muito melódica. Tem também o Chico Pinheiro, que é um cara muito bom, e o Jota Veloso. Tem aparecido muitas cantoras, né? Eu acho que muitas delas boas e outras em estado de evolução. Eu tenho sentido falta de mais espaço para os cantores-compositores, como Marcelo Jeneci. O Zé Ricardo, daqui do Rio de Janeiro, que é muito bom. Eu acho que talento musical não falta no Brasil, o que falta é espaço e oportunidade.

BN - Qual o recado que você deixa para os fãs que estão aguardando pelo show do dia 26 no Bahia Café Hall?
JV - Eu estou muito feliz de voltar pra essa cidade maravilhosa. Sugiro que eles mandem mensagem para o Facebook, para o Twitter dizendo o que eles querem ouvir no show. Independentemente de qualquer coisa, vai ser uma noite maravilhosa. Eu vou dar tudo de mim para rolar essa interação de energia que a música promove.

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