segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Entrevista para Tribuna da Bahia - Jorge Vercillo


'A música foi feita para unir as pessoas' JV

Publicada: 21/11/2011 00:57| Atualizada: 21/11/2011 11:14

Por Carolina Parada

Da teosofia de Helena Blavatsky à poesia de Jorge Vercillo, se passaram três séculos. Mas, nem mesmo 300 anos foram capazes de impedir esse encontro da música com a espiritualidade e filosofia condensado pelo artista no seu 9º álbum, intitulado ‘Como diria Blavatsky’, recém-lançado pelo selo próprio Leve. Além das canções românticas, que marcam a carreira do carioca, sambas e rocks fazem a diferença neste novo trabalho, que será lançado em Salvador no próximo dia 26, às 21 horas, no Bahia Café Hall. Confira a entrevista exclusiva do cantor à Tribuna.

Tribuna da Bahia – Para começar nossa conversa, o que diria Blavatsky que nós precisamos saber?
Jorge Vercillo – O que diria Blavatsky é que todos nós somos um. Essa frase, título de um disco passado meu, que é uma frase na verdade budista. Blavatsky era uma escritora russa e foi uma das primeiras pessoas a tentar mergulhar na espiritualidade humana sem necessariamente estar atrelada a nenhum dogma religioso específico. E a música ‘Como diria Blavatsky’, como fala de busca interior, eu acabei por batizar o disco com o nome dela. 
 
TB- Esse álbum, além de trazer esse momento de reflexão, traz uma composição com sua esposa, Gabriela Vercillo, é o primeiro pelo seu selo, o que tem de mais novidade nesse trabalho?
JV- É um disco que traz algumas novidades. Tem três sambas, o que é uma novidade se tratando de um disco meu, tem também três músicas ligadas ao rock, e que acaba trazendo novidades além dessa diversidade musical, que tem jazz, MPB, pop, balada, e já é normal nos meus trabalhos. 
 
TB- Você sempre fez questão de se desprender de rótulos. Você acha mesmo que a música não tem fronteira?
 JV- Isso é apenas reflexo da diversidade musical e cultural que existe no Brasil. Isso é único e tem que ser valorizado pela gente.
 
TB- A música Faixa de Gaza tem uma mensagem fantástica e é uma resposta muito superior a um episódio lamentável (o cantor foi vaiado durante uma participação no show comemorativo dos 70 anos de Jorge Mautner). Fale mais um pouco do que te fez compor essa canção.
JV- É exatamente isso. É interessante o que você está colocando, porque na verdade a letra de Faixa de Gaza, ela não é contra ninguém especificamente, mas é contra esse tipo de pensamento cartesiano, pragmático, pensamento que gera o racismo. Ao mesmo tempo têm pessoas assim com raça, têm pessoas que são muito pragmáticas e muito preconceituosas dentro da cultura e da música. E a música foi feita para unir as pessoas, o que é uma contradição. Ainda têm células nazistas na Alemanha, existe intolerância por toda parte, e é por isso que o Brasil é considerado essa grande amálgama do mundo, do futuro, essa mistura que deu certo e precisamos ir iluminando a cabeça desses que ainda pensam diferente. É um trabalho árduo! E a resposta é essa mesma, como eu disse na música: “pra quem vê de cima, existe uma só tribo e se você olhar por dentro é o nosso medo que faz o inimigo”.
 
  
TB- Esse álbum é o primeiro no seu selo, o Leve. Qual é a sua expectativa?
JV- Essa minha decisão foi para me tornar um artista maior e não um artista menor. Eu não estou lançando um disco de forma independente, eu tenho um selo, eu tenho uma gravadora, onde, proporcionalmente, eu tenho uma estrutura maior que eu tinha na Sony, porque as estrutura da Sony, da EMI, são bacanas, mas têm que atender a 30, 40 produtos. A minha estrutura só atende a mim e ao Kid Abelha, que é outro produto que divide o escritório com meu empresário. Então, é uma estrutura muito superior em nível de força de trabalho, de agilidade, de dinamismo. Eu estou muito contente com isto, mas, no entanto, eu torço muito para as gravadoras – eu sou muito grato a Sony, muito grato a EMI – que a gente consiga estabelecer uma regra para o download ser remunerado, download barato, ao mesmo tempo fácil para as pessoas. Acho que com isso, a médio longo prazo, as gravadoras vão voltar a ter poder de divulgação, poder financeiro para poder investir nos trabalhos de novos artistas.  
 
TB- E por falar em ser um artista maior, desde que você começou a cantar em barzinhos já se vão 22 anos. Hoje, qual é o seu maior desafio como artista?
 JV- Cada disco é um desafio. Cada disco você coloca ideias novas, músicas novas, crias, filhas novas no mundo, e você tem o desafio de levar isso para o mundo, de propagar essas ideias para as pessoas. Então, é um desafio novo. Eu, pelo meu temperamento, não tenho essa de ficar com o boi na sombra do que eu já construí não. Eu ainda tenho muito para construir na minha vida, dentro da música e sempre em busca de novos desafios.
 
TB- Quais são os artistas que você ouve?
 
JV- Eu ouço de tudo. Atualmente eu estou ouvindo o CD novo de Chico Buarque, que eu acho que é fantástico, genial. Músicas como Querido Diário, Essa Pequena, músicas maravilhosas, estou adorando o disco do Chico.
 
TB- E qual sua expectativa de trazer o show novo para Salvador?
JV- Ah, tocar em Salvador é sempre muito bom. Estive na cidade no início do ano, no Festival de Verão, e estou voltando com o novo show e o interessante é que o repertório mistura as músicas do disco novo com os meus antigos sucessos. Só que as pessoas têm pedido tanto as músicas novas, o disco novo está sendo tão bem recebido pelo meu público, que em muitas cidades eu me vi obrigado a tirar uma música antiga para colocar uma música nova, como foi o caso de Invictor, o samba que eu fiz para meu filho mais novo, o Victor, e as pessoas começaram a pedir, assim como Nos Espelhos, Distante... E eu me sinto muito envaidecido, porque o compositor está sempre lambendo as crias mais novas.
 
TB- Bom, para finalizar, o público está ansioso pelo show e já iniciou a contagem regressiva. Então, deixa um recado para seus fãs aqui de Salvador e de todo estado. 
 JV- Eu quero deixar um grande abraço e dizer que eu também estou superansioso para cantar nesta ilustre capital baiana, que é uma referência para todo Brasil. E quero aproveitar para pedir que as pessoas venham através da internet, do facebook, twitter, a sugerir as músicas do novo disco que querem ouvir, para a gente montar um repertório especial. Espero vocês!
 
Publicada: 21/11/2011 00:57| Atualizada: 21/11/2011 11:14

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